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domingo, 8 de novembro de 2020

As Lições de Violino

 Por Marcos Pinnto



Em alguns logradouros, vizinhos costumam ser testemunhas auditivas de muitas ocorrências da casa ao lado, sejam elas produzidas em momentos de euforia, de raiva… ou em momentos mais íntimos, em alguns casos.

Num desses lugares, uma moça com idade entre 20 e 25 anos decidiu aprender a tocar violino. Pegou parte de suas economias, matriculou-se numa escola e comprou o melhor violino que podia comprar com seus recursos.

Talvez você não saiba, mas aprender a tocar violino leva algo em torno de cinco anos, dependendo da pessoa. E, no início, são inacreditáveis os sons terríveis que alguém pode produzir com um instrumento como esse.

Claro que os dois vizinhos mais próximos, de um lado e de outro, seriam os mais afetados pela decisão da jovem. Teriam de suportar horas de treinamento da moça por um longo tempo.

Um dos vizinhos tentou dissuadir a moça de aprender a tocar aquilo. Reclamava todos os dias com quem encontrasse pela rua. Viu que aquilo não teria jeito e se aborreceu a ponto de vender sua casa e comprar outra em um lugar mais sossegado.

O outro vizinho também sofria com os arranhões nas cordas do violino, mas, ao contrário do outro, incentivava a aprendiz a dedicar-se mais, a treinar mais horas por dia, a prestar mais atenção nas aulas de violino.

Anos depois, a jovem, agora com quase trinta anos, começava a se apresentar profissionalmente e, todos os dias, seus vizinhos tinham o prazer de ouvi-la tocar, num espetáculo quase particular.

Esse caso mostra que, em certos momentos, podemos escolher entre desistir de uma pessoa ou tolerar suas falhas enquanto lhe ajudamos a evoluir. Pois, tolerar é ter a certeza de que o outro está em evolução.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Minha Opinião sobre Opinião

 Por Marcos R Pinnto*

Eu tenho certeza de que a opinião do outro é importante, pelo menos para ele próprio. E na maioria das vezes, essa opinião tem um forte motivo para existir. O problema que vejo é quando os motivos fortes são simplesmente a admiração por outra pessoa.

Ter admiração não é ruim. Pelo contrário, é muito bom admirar alguém. Mostra o quanto somos capazes de reconhecer os pontos fortes de uma pessoa. Mas, não é por isso que devemos copiar as opiniões da pessoa admirada e assumir que são nossas opiniões, sem nenhum fundamento.

Outra ocorrência não muito incomum é a opinião que se apoia em pontos contraditórios ou carregada de ambiguidades. Sabe aquela opinião que tem muitas exceções para ser? Ou ainda, aquelas opiniões que simplesmente são contrárias à nossa experiência ou ao raciocínio lógico.

O caso da opinião que se apoia em pontos contraditórios pode ser exemplificado de forma exagerada pela seguinte construção: “eu sei que todo gato é um felino, mas esse gato não é um felino”. Essa é uma opinião que usa um argumento que contradiz a afirmação de que o gato não é um felino. Além disso, a nossa experiência é desconsiderada pela afirmação.

Um caso de contrariedade do raciocínio lógico pode ser visto na seguinte construção: “no meu relacionamento, a vontade do outro é sempre respeitada”. Aqui não importa vontade de quê. Só haveria esse respeito se as vontades fossem iguais. Se as vontades são distintas, uma das duas está sendo afrontada. É óbvia a falta de lógica na afirmação, provavelmente dita com a intenção de amenizar a verdadeira mensagem que, provavelmente seria: se um dos dois não quer, os dois não fazem, seja lá o que for que queiram ou não fazer.

Se você prestar atenção, em muitos discursos, perceberá que muita gente fala de cadeira e de assento como se fossem dois sistemas avessos, cita trechos de especialistas renomados para confirmar sua opinião e prova, por a+b, que sua opinião está bem fundamentada. Pura falácia.

Mesmo assim, você, como bom ouvinte, deve respeitar a opinião do outro. Não importa o quanto estapafúrdia ou hilária ela pareça ser.


Um forte abraço e até breve!




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* Doutor e mestre em Engenharia Civil (recursos hídricos), especialista em EaD, professor de matemática, estudante de Cinema.