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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Quem é você?

Você já ouviu a pergunta: "quem você pensa que é?". Claro que o contexto dessa pergunta geralmente é bastante negativo e carregado de sentimentos ruins! Mas vamos abstrair esse contexto e focar nessas cinco palavras, que juntas formam, talvez, um dos mais importantes questionamentos.

No contexto em que geralmente é usada, essa pergunta costuma nos remeter à posição que ocupamos ou à quantidade de poder que temos para resolver o conflito, mas no contexto que quero propor, mais pacífico e reflexivo, essa pergunta deve nos atingir com uma realidade devastadora: beira à insanidade definir um ser humano. 

Geralmente, essa resposta vem de maneira generalista. Se estivermos num encontro: "sou uma pessoa alegre, extrovertida, gosto de fazer novas amizades, sonho em ser feliz com pouco e gosto de rodear-me de pessoas com boas energias"; se estivermos em uma entrevista de emprego: "sou ambicioso, mas não ganancioso. Sei trabalhar em equipe, sou proativo e compartilho lideranças. Sou pontual, responsável, ágil e tenho facilidade de trabalhar sob pressão! Gosto de tomadas de decisão e meu maior defeito é ser perfeccionista!"; entre os amigos: "eu sou aventureiro! Adoro conhecer gente nova, sou leal e gosto de passar bons momentos com aqueles que amo! Pode confiar em mim, sou um túmulo para seus segredos mais profundos! Estou aqui pra tudo e pode contar comigo sempre que precisar!" 

Mas será que isso consegue definir quem somos? O maior empecilho para responder a essa pergunta é entendê-la! O que você quer dizer quando diz quem é você? Confuso, né? Mas olha só: somos  o que gostamos? Ou, o que comemos? Ou ainda, pra onde vamos? Somos o que dizemos ou o que pensamos? Somos o que fazemos ou o que sonhamos? Tentamos, a duras penas, nos encaixar, de forma binária, nessas definições pré-moldadas de ser. Alegre ou triste? Farrista ou caseiro? Romântico ou coração de gelo? Sonhador ou pé-no-chão?

Existe, ainda, outra reposta para essa pergunta que é muito cruel com a nossa existência, pior do que nos resumir a escolhas binárias, é nos definir como a nossa profissão. Até, vá lá, quando você vive a sua profissão com intensidade e ama o que faz ao ponto de querer fazê-lo vinte e quatro horas por dia, ainda é esmagador, mas compreensivo. Mas, quando você não gosta do que faz (é mais comum do que possa imaginar) e se resume, enquanto ser, àquela condição? É desumano!

Então, afinal de contas, quem é você? Se eu fosse me definir, diria que sou alegre, mas às vezes triste. Proativo e quase sempre preguiçoso. Gosto de fazer amizades e de ficar sozinho. Amo sair e ficar em casa. Amo ser pai, mas detesto ser pai! Amo meu emprego, alguns dias. Estudioso, mas só quando realmente preciso. 

Você e eu, somos uma avalanche inconstante de antíteses escancaradas. E, como dizia Renato Russo: "acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto". 


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Por Daniel Lucas
Estagiário da Vida.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

A arte de perder.

Por Daniel Lucas 

Parafraseando Elizabeth Bishop, perder é uma arte! O nosso dia a dia está afogado nas perdas, da hora que acordamos à hora de ir dormir. Ao acordar, perdemos mais algumas horas de sono; ao lanchar leite com achocolatado, perdemos o café quentinho,; ao pegar o ônibus 042, perdemos o lugar vago no 061; quando dentro do ônibus escolhemos olhar o instagram, perdemos a amizade da pessoa sentada ao nosso lado.

Fato é que muitas dessas derrotas nos passam dormentes durante os nossos dias, mas talvez não devessem! Os seres humanos têm vivido de maneira automática: lanchamos pensando no trajeto para o trabalho, no trajeto pensamos nas obrigações atrasadas, no trabalho pensamos no almoço, no almoço pensamos na reunião da tarde, na reunião pensamos no trânsito infernal da volta, no trânsito pensamos no que vamos jantar e na janta estamos cansados demais pra pensar. Dormimos, dormentes.

Não me entenda mal, essa reflexão não tem por objetivo trazer para a nossa vida uma lamúria infinita sobre as coisas, pessoas, lugares e sensações que perdemos. Nada disso! Existem coisas que nasceram para serem perdidas! Os nossos pais, a casa que crescemos, alguns sonhos de infância (afinal não podemos todos sermos astronautas). O cerne dessa reflexão não é o que perdemos em si, mas o que fazemos com o que perdemos.

Perder é natural, é bom. Perder ensina, aumenta, fortalece. Apreciar as derrotas é possível, devemos apreciá-las tanto quanto apreciamos nossas vitórias. Uma vitória, geralmente é o resultado de várias derrotas consecutivas. Perca algo todos os dias e aceite! Perder é um exercício, perder é uma arte! E como toda arte deve ser dominada. Não é difícil dominar a arte de perder, apesar de parecer desastre!

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Graduando em análise e desenvolvimento de sistemas e estagiário da vida.