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sexta-feira, 4 de março de 2022

Aluna ou Aluno Ideal

Estava eu revendo alguns textos do meu curso de especialização em educação a distância, feito pelo SENAC e me deparei com as características que uma pessoa deveria ter para se tornar discente naquela modalidade de educação.

Analisando aquelas características, notei que qualquer um que as tiver não precisa de uma plataforma, de tutores ou conteudistas, a menos para cumprir o papel a que muitas instituições de ensino se submetem: emitir um papel afirmando que a pessoa se submeteu aos seus rituais e, provavelmente, detém as habilidades inerentes ao título que lhe é outorgado.

Porque qualquer pessoa disciplinada, organizada, motivada por si, e com familiaridade com a tecnologia pode desenvolver praticamente qualquer habilidade que desejar de forma autônoma, a menos, claro, que não tenha acesso a máquinas e a equipamentos necessários para isso.

É interessante que na EAD se tenha esse perfil de aluno bem definido porque na modalidade presencial também se fala sobre o que seria o aluno ou a aluna ideal.

Vamos começar pelo que não é, para chegarmos ao que é: um aluno ideal jamais poderia ser aquele ou aquela que aprende em qualquer situação. Por quê? Se a pessoa aprende em qualquer situação, a lógica nos obriga a concordar que ele aprenderia inclusive na situação de não existência de um professor ou professora, o que significa, em última instância que ele (ou ela) não é aluno (ou aluna), portanto, também não pode ser aluna ou aluno ideal.

Um aluno ou uma aluna ideal não pode ser também a pessoa que executa todas as tarefas de aprendizagem que lhe são atribuídas, apesar de desejarmos que a execução da tarefa em si seja suficiente prova de que determinadas habilidades foram plenamente desenvolvidas. Pode parecer lógico concluir que se uma pessoa fez é porque sabia como fazer. Por outro lado, em muitos casos, não há como aferir se o que foi feito o foi com consciência plena, compreendendo as razões de o procedimento ser aquele e não outro.

Eu sei que nem todo mundo entende sobre programação de computadores, mas o exemplo perfeito está nessa área. Muitas pessoas desenvolvem programas seguindo tutoriais do tipo receita de bolo, ou seja, um conjunto de passos que leva a um resultado, mas não compreendem de fato a razão daqueles passos naquela ordem e se dão por satisfeitos pelo simples fato de o programa ser executado com êxito.

Frequentar todas as aulas também não nos diz que se trata de uma aluna ou um aluno ideal. Não se pode garantir que os pensamentos de uma pessoa estejam focados na aula, muito menos inferir que a mera presença seja garantia de compreensão, conhecimento, análise ou síntese de um conteúdo ou do desenvolvimento de uma habilidade, ainda que parcial.

Se o que aprende em qualquer situação nem sequer é aluno, se executar as tarefas de aprendizagem ou frequentar assiduamente as aulas também não nos dá um aluno ou uma aluna ideal, o que podemos considerar como discente ideal?

Depois de algumas reflexões, buscando apoio na lógica e tentando me afastar da retórica, e do discurso acadêmico floreado de títulos e condecorações, cheguei a seguinte resposta: o aluno ou a aluna ideal é quem se faz dotado de uma vontade predominante de aprender com alguém disposto a ensinar.