Por Marcos Pinnto
Em alguns logradouros, vizinhos costumam ser testemunhas auditivas de muitas ocorrências da casa ao lado, sejam elas produzidas em momentos de euforia, de raiva… ou em momentos mais íntimos, em alguns casos.
Num desses lugares, uma moça com idade entre 20 e 25 anos decidiu aprender a tocar violino. Pegou parte de suas economias, matriculou-se numa escola e comprou o melhor violino que podia comprar com seus recursos.
Talvez você não saiba, mas aprender a tocar violino leva algo em torno de cinco anos, dependendo da pessoa. E, no início, são inacreditáveis os sons terríveis que alguém pode produzir com um instrumento como esse.
Claro que os dois vizinhos mais próximos, de um lado e de outro, seriam os mais afetados pela decisão da jovem. Teriam de suportar horas de treinamento da moça por um longo tempo.
Um dos vizinhos tentou dissuadir a moça de aprender a tocar aquilo. Reclamava todos os dias com quem encontrasse pela rua. Viu que aquilo não teria jeito e se aborreceu a ponto de vender sua casa e comprar outra em um lugar mais sossegado.
O outro vizinho também sofria com os arranhões nas cordas do violino, mas, ao contrário do outro, incentivava a aprendiz a dedicar-se mais, a treinar mais horas por dia, a prestar mais atenção nas aulas de violino.
Anos depois, a jovem, agora com quase trinta anos, começava a se apresentar profissionalmente e, todos os dias, seus vizinhos tinham o prazer de ouvi-la tocar, num espetáculo quase particular.
Esse caso mostra que, em certos momentos, podemos escolher entre desistir de uma pessoa ou tolerar suas falhas enquanto lhe ajudamos a evoluir. Pois, tolerar é ter a certeza de que o outro está em evolução.