Quando se é um pústula, sempre se dá um jeito de mostrar. No entanto, ser pústula já é uma coisa ruim; ensinar um jovem a o ser, é bem pior. Porque aí, o sujeito está passando o seu mal, o seu vício, e a sua mancha a uma outra geração.
Em certo dia do ano de 2015, uma mocinha de cerca de 18 anos estava em uma fila para pagar o lanche e dali deveria passar para outra fila para então pegar o seu lanche. Até aí tudo bem. Havia um senhor, de aproximadamente 55 anos já na fila de pegar o lanche e, chegada a sua vez, ele gentilmente cedeu o lugar para o que estava logo atrás dele. Certamente ele deveria estar esperando a próxima fornada para pegar seu lanche.
Agora, deixemos esse simpático senhor na fila do lanche e voltemos até a mocinha na outra fila. Ela acaba de pagar pelo seu lanche e receber sua ficha. Ela olha para uma pessoa na fila de pegar o lanche e segue na direção dessa pessoa. Contrariamente às expectativas de todos ela toma o lado errado da fila, isto é, em vez de dirigir-se para o fim da fila, com sete pessoas, ela vai em direção ao primeiro indivíduo da fila.
Sim! Ele mesmo! O simpático senhor com seus 55 anos estava ensinando a mocinha a dar um golpe. Sim, isto é um golpe. E quem estaria sendo lesado neste golpe? Qual direito estaria sendo ferido?
As pessoas na fila estavam sendo as vítimas do golpe e o direito ferido é o direito natural da ordem de chegada. Mas por que ninguém na fila fez um escândalo? Por que ninguém bateu nas panelas e gritou "fora Dilma!"? Por que não se levantou cartazes ferozes contra a corrupção?
Porque aquelas pessoas acharam que não tinha nada de mais naquilo. Afinal, era somente um pai ajudando a filha a não se atrasar para, talvez, a segunda aula. Porque aquelas pessoas agiram da mesma forma na semana passada e se tivessem em dupla naquele momento, fariam o mesmo. Fariam para ganhar tempo, é claro. Mas não se pode esquecer que, sempre que alguém ganha, outro alguém perde. Nesse caso, o ganho de tempo dela representou a perda de tempo de outros, independentemente da situação em que estivessem: atrasados, apertados para ir ao banheiro, com dores nas pernas, etc.
Mas ninguém pensaria nisso, não é mesmo? Claro, ninguém que não tivesse um pingo de empatia jamais se colocaria no lugar do outro.
A mocinha e seu querido e corrupto pai, foram sentar em algum lugar do salão e se regozijar por serem uma dupla tão inteligente e astuta. Quanto a ele, assim como muitos, são casos perdidos, porque se quer se dão conta da maneira como se comportam, e agem no automático, da forma mais natural possível. Mas aquela moça, muito provavelmente poderia se tornar uma pessoa honesta, desde que ela tivesse pelo menos a chance de conhecer os dois lados da moeda, isto é, desde que lhe fosse apresentado o que é certo e o que é errado. Claro, conhecer os dois lados não garante que o jovem escolha fazer o que é certo, mas isso não nos dá o direito de não lhe dar escolha.
Ninguém tem o direito de contaminar a próxima geração com suas manias de dar um jeitinho, de bancar o esperto, de se esquivar habilmente das obrigações e de desconsiderar todas as regras que puder, desde que nunca seja punido por isso.
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