No Brasil de 2022, é ano de eleição presidencial. Também elegeremos governadores de estado, deputados estaduais, federais e senadores. Apesar de as eleições municipais serem muito importantes, a eleição presidencial está no topo da relevância para o país.
Ao longo da história de nossa democracia, há diversas histórias sobre venda de votos (algumas inventadas, outras não). Também tivemos (e talvez ainda tenhamos) o voto de cabresto. No primeiro caso, o eleitor promete votar em um candidato desde que receba alguma vantagem, imediata ou duradoura. No segundo, o eleitor se sente obrigado a votar em determinado candidato, temendo alguma represália por parte de alguém com poder de lhe causar algum dano.
Uma vantagem imediata pode ser uma nota de 100 reais, de 50, de 10, de 5 ou de 2, dependendo da região do país, da cidade, do bairro. Se você pesquisar um pouco, vai encontrar o caso do refresco no caminho das urnas. Eu explico: conta-se que, em certo município, um candidato construiu um tanque no caminho para as urnas, encheu de refresco e fez a boca de urna mais refrescante do país.
Uma vantagem duradoura pode ser um cargo de confiança, uma concessão ou uma simples posição no futuro gabinete do candidato.
Mas não é essa venda, digamos, direta, que me interessa aqui. O tipo de venda de votos que estou interessado é a venda indireta, por meio de atravessadores, disfarçados de militantes, apoiadores, entre outros.
Não critico o militante genuíno. Este é sincero, acredita na sua ideologia e, principalmente, acredita naqueles que estão à frente na representação dessa ideologia. Tampouco critico o apoiador sincero, o que usou sua capacidade de julgamento de forma sincera e acredita que aquele a quem apoia é a melhor escolha para sua comunidade, para a sua sociedade, para o seu povo.
Infelizmente, há os falsos militantes e os apoiadores da causa própria. São pessoas egoístas, que longe de pensar no bem do povo, estão pensando no próprio bem e no de seus familiares e amigos mais próximos.
Esses tipos são os mais perigosos para a democracia, pois são levianos, hábeis manipuladores da informação, distorcendo fatos, descontextualizando falas, reeditando vídeos, entre outras atividades temerárias.
O pior é que essa turma está difusa em diversos meios. Não é difícil encontrá-los nos meios de comunicação, redes sociais, escolas, universidades, feiras, cafés, grupos em aplicativos de celular, entre outros. A forma como distorcem a realidade nesses meios é vergonhosa, mas para quem os observa, pois eles mesmos são imunes ao pejo.
Os ingênuos os veem como militantes ou apoiadores verdadeiros. Mas assoprando bem a nuvem de fumaça em que envolvem suas ações, podemos enxergar suas intenções egoístas. Seus esforços medonhos, nos quais transparece a mensagem de que os fins justificam os meios, não são altruístas como querem fazer parecer. Na verdade, são objetivos egoístas envoltos numa manta de bondade coletivista.
Gritam pelos problemas do povo, mas estão apenas interessados nas vantagens indiretas que podem conquistar a partir de determinado resultado. O que é melhor para o povo, de fato, não importa, o que importa é garantir a sua fatia do bolo, mesmo que esse bolo venha sujo com mentiras, trapaças, acusações falsas.
Não é difícil reconhecer um falso militante ou um apoiador da causa própria. Basta ver a inconsistência do discurso, a má-fé ao disseminar mentiras, a hipocrisia no discurso a favor do povo.
Para nosso azar, de forma quase imperceptível, essa corja vem conseguindo atingir seu maior objetivo: induzir a parte ingênua do povo a votar em quem ela quer.
Marcos Pinnto é professor, escritor e desenvolvedor de jogos e aplicativos.
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